domingo, 26 de outubro de 2008

Durante cinco dias, filmes desde a década de 20 até os anos 00 se apossaram da tela da famosa sala azul. Na cadeira ao lado, Ursula Dart (foto), diretora da Associação Brasileira de Documentarista Capixaba (ABD&C) que organizou a mostra. Ainda entusiasmada com a mostra e sempre sorrindo, Ursula faz uma avaliação da mostra e conta sobre os critérios de seleção dos trabalhos exibidos. A primeira pergunta é básica: como você avalia a Mostra A Vida é Curta, agora que já se passou quase uma semana e a poeira já assentou?A organização você sabe que é da ABD (Associação Brasileira de Documentaristas). Na realidade, somos cinco pessoas trabalhando. Considero que a mostra foi muito bem. Estou muito contente, acho que deu tudo certo. É claro que houve erro tanto de programação, os debates poderiam ter sido mais bem trabalhados, mas, no geral, acho que foi tudo ótimo. Quanto à organização, tudo ótimo. Essa é a terceira mostra, o que essa teve de melhor em relação às outras duas?

Foto: Syã Fonseca

Ela foi mais completa que as outras. Porque as outras foram apenas mostras. Competitivas ou não, mas mostras. Essa, além de ser mostra, a gente fez duas, pois considero a Obras Raras sendo uma outra mostra. E cada mostra abriu um braço. A de obras raras abriu o para o catálogo e a competitiva abriu para a coletânea de DVDs. Então, foram quatro ações e considero essa mostra a mais completa nesse sentido. E foi essa coisa do A Vida é Curta. A gente foi atrás da nossa história até hoje e fizemos esse resumo, uma tentativa de resumo da cinematografia do estado, que está perdida. Mas não só aqui não, é no Brasil mesmo.Como foi o trabalho de pesquisa e levantamento de dados para a elaboração do catálogo?A idéia inicial dele era abranger tanto os trabalhos realizados em película quanto em vídeo, mas não tivemos perna para isso - são muitos os trabalhos em vídeo. Ficamos só com os em película. A Carla Osório foi quem organizou tanto os textos quanto a pesquisa. As fontes foram catálogos e os próprios realizadores. Outra fonte também foram as cinematecas de museus. Você citou que problema na programação. Quais os critérios que vocês usam para selecionar os filmes, principalmente da mostra competitiva?Olha, vou ser sincera. A idéia da ABD, desde a primeira mostra, é abrir a exibição para os filmes locais, filmes realizados aqui. Porque a questão da exibição é um problema de qualquer filme, de qualquer estado, de qualquer realizador. Então, a gente trabalhou com a grade de programação. A gente tinha "tantas" horas e ali dentro a gente tentou colocar o maior número de filmes possível. Muitos filmes entraram. Talvez se fosse uma seleção mais rigorosa, talvez não entrassem. Mas apostamos na exibição, senão vai haver uma dificuldade de se exibir em outro local e não é porque é ruim ou bom, não. É porque a exibição é difícil mesmo, é um funil. A idéia é abrir. O critério foi esse. É claro que os primeiros a serem "cortados", foi quando um realizador inscrevia cinco filmes. Selecionamos o melhor para abrir para o outro que colocou um filme só. A programação diária também foi balanceada. Tínhamos filmes em 35 mm e documentários que distribuíamos com outros com perfil mais universitário e experimental. Mas aí não acaba tendo uma certa discrepância, quando se põe pessoas com perfil universitário com pessoas que são profissionais há muitos tempo... Mas é também interessante para mostrar "olha o que a gente está fazendo"; o que o estado, a universidade estão fazendo. Por isso, essa briga da ABD de exibir o maior número de filmes possível. E com certeza vai cair nessa discrepância, que é saudável.Pois é, pediram para eu ser cordial, mas como é competitiva fica meio que uma covardia colocar uma Virginia Jorge contra alguém que está no primeiro período de comunicação que fez um videozinho com a cybershot...

Foto: Syã Fonseca

Cara, eu não vejo muito por aí. Inclusive no júri, nós tivemos uma conversa que era muito dentro disso. Vamos nos novos, nas novas propostas. Não se é Virginia [Jorge, diretora do premiadíssimo curta No Princípio Era o Verbo, de 2005] ou outro mais veterano. Mas é um espaço democrático e entra todo mundo. Não vou tirar o cara porque tem Virginia e nem vou tirar Virginia porque tem o cara. Como também não vou abrir só para 35mm e nem só universitário. A proposta dessa mostra foi isso. Ainda mais com o título "A Vida é Curta". Vamos colocar tudo que tem na roda. Por mim colocava mais ainda, mais diferentes ainda. A idéia é democratizar realmente. Para finalizar, a ABD já está planejando a próxima mostra? É igual carnaval quando termina e a escola já está pensando no próximo enredo?Menino, é um doideira. Pior que é assim mesmo (ri). A gente termina e fica pensando: "podíamos fazer 'isso', porque a gente vai aprendendo com os erros". É sempre uma tentativa de melhor. Mas a gente ainda não fechou o que pode ser. Vamos correr atrás do projeto e manter as parcerias. Mas ano que vem, tem campanha e a gente não sabe se serão mantidas. Enfim, ainda não fechamos nada.

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